ABMCJ na luta pelos direitos das mulheres e meninas : avanços e desafios / organizador: Ana Paula Araújo de Holanda, Andrine Oliveira Nunes, Manoela Gonçalves, Margareth Pereira Arbués – Brasília: OAB Editora, 2022.
IGUALDADE, LIBERDADE, SORORIDADE E A LUTA PELOS DIREITOS DAS MULHERES E MENINAS: uma construção coletiva
Ana Paula Araújo de Holanda
Andrine Oliveira Nunes
Manoela Gonçalves
Margareth Pereira Arbués
“Enquanto as mulheres usar poder de classe e de raça para dominar outras mulheres, a SORORIDADE feminista não poderá existir por completo” – Bell Hooks
“Precisamos ser criadas para a liberdade. O mundo é grande demais para não sermos quem a gente é […]” – Elza Soares (a voz do milênio pela BBC).
Em 15 de dezembro de 2021, Gloria Jean Watkins ou bell hooks (1952-2021), pensadora feminista, escritora, artista e ativista negra norte-americana, antirracista e antissexista deixou o movimento feminista de luto. Faleceu em Berea, Kentucky (EUA) aos 69 anos. Todavia, sua luta e sua voz contra os sistemas de opressão e dominação de classe, da supremacia branca e do patriarcado se eternizarão, em especial, sua defesa pela sororidade, o amor e a autoestima como práticas políticas de transformação social.
Em tempos, de pandemia e pandemônios, de dias sombrios e nebulosos, como o que estamos vivendo, não podemos nos acomodar, temos que nos unir e resistir a toda sorte de desmonte de conquistas de direitos, de violência moral e física, dos caçadores de bruxas. Afinal, somos sobreviventes de toda espécie de barbárie a que fomos submetidas historicamente e, os processos de construção coletiva como uma obra dessa natureza são formas de resistência e luta por direitos.
Esta publicação em formato eletrônico (E-book) reúne artigos elaborados em torno dos Direitos das mulheres, objetivando a reflexão, análise e a promoção de tais direitos de forma a destacar seu relevante papel e importância nas esferas pública e privada. Nesse sentido, a obra procurou reunir textos que discutem diversas perspectivas contemporâneas dos direitos humanos das mulheres, indispensáveis para compreensão dos novos paradigmas que norteiam a teoria crítica feminista do Direito.
Seu conteúdo procurou contemplar as questões que estão na centralidade dos movimentos feministas, como a igualdade de gênero, a liberdade feminina e a sororidade entre as mulheres. Sua arquitetura textual compreende 16 capítulos desenhados em três eixos temáticos, sendo o primeiro denominado: MARIA, MARIA, ressaltando a IGUALDADE como valor maior na luta por direitos, as abordagens contemplaram a história e a importância das mulheres na vida pública, nas carreiras jurídicas e na política. No segundo eixo temático a obra trouxe como prisma o valor da LIBERDADE, trouxe para a reflexão textos sobre violência contra as mulheres, os movimentos sociais de defesa das mulheres, os direitos das mulheres, as intersecções e interdisciplinaridade entre os vários ramos do direito. Por fim, no terceiro eixo, a SORORIDADE que trouxe discussões envoltas na ética e moral feminina; na educação, arte e ciência produzidas pela e para as mulheres.
Para além das reflexões e do conhecimento presentes em cada texto, no auspício nunciativo, que seu conteúdo possa ser útil na transformação da realidade social e promova avanços na luta por direitos de igualdade e liberdade, e desperte para a utopia da sororidade feminista, como defendia hooks, para “existir por completo”.
E é no enredo das congratulações àquelas que homologam em suas condutas as afirmações pelo feminino, que estas epígrafes se
ratificam como, também, saudação a retumbante voz do século, a mulher do fim do mundo, a grande Elza Soares (1937-2022), que apesar de não ter sido professora, não ter sido autora de trabalhos científicos, não ter teorizado a causa feminista, foi testemunho vivo e é exemplo para sempre do ser mulher! Mulher de força! Mulher de luta! Mulher de garra! Mulher destemida! Mulher desbravadora! Mulher empoderada! Mulher de coragem! Mulher de talento! Mulher de política! Mulher de resistência! Mulher de voz! Símbolo de representatividade, antirracismo e feminismo, sua história de transpiração nos é inspiração contínua e perpétua. E sua fala de bravura e sabedoria nos mostra que é preciso insistir para ser quem se é, que toda mulher tem poder de criar o seu palco, que machistas existiram e existirão, por isso temos que legitimar vozes que não são ouvidas, e darmos as mãos umas às outras, validando a empatia e a sororidade, pois como bem disse Elza: “Precisamos ser criadas para a liberdade. O mundo é grande demais para não sermos quem a gente é. (…) A mulher do fim do mundo é aquela que busca, que ABMCJ na luta pelos direitos das mulheres e meninas: avanços e desafios xvi grita, que reivindica, que sempre fica de pé.” Por isso, sejamos todas nós
quem a gente é: simplesmente MULHER!!!
Por fim, resta-nos parabenizar as autoras que atenderam ao chamado da ABMCJ para juntas construírem de forma coletiva esta obra tão singular.
Sigamos!
Brasil, verão de 2022.